segunda-feira, 29 de março de 2010

heróis na dona marta, 2/03/2009

Baloes na Dona Marta: mandando preocupaçoes para o espaço. 
MISSAO: anotar as preocupacoes dos moradores em papelzinhos e enviar a preocupaçao (nao o problema...) para o alto.



MISSAO _ GERAR VISIBILIDADES



Como escreve Foucault, a sociedade contemporânea é dominada por dispositivos que controlam os fluxos e espaços, conforme as exigências da lei do capital. Nesse contexto de controle exercido pelo que o sociólogo francês chama de "biopoder" são geradas visibilidades determinadas, com o objetivo de acrescer o consumo e de perpetuar um sistema instaurado pelas políticas vigentes.
Este estado de fatos vai gerando zonas de exclusão, que segmentam o espaço urbano, nas quais existem formas de vida próximas do que o teórico italiano Agambem chama de "vida nua", isto é, uma vida reduzida ao mínimo,  próxima da vida automática, ignorada, anônima, desconsiderada.
Nestas zonas de exclusão, encontram-se os eufemisticamente denominados "moradores de rua", sem condições de higiene, de alimentação e de saúde.
Observa-se, que, se o homem contemporâneo é naturalmente entorpecido, necessitando sempre mais emoções fortes para acordar, diante da proliferação destas situações de "vida nua", o olho fica mais do que entorpecido: cego. 
E é assim que diariamente, passamos em frente dos moradores de rua, moradores estes que nosso olhar já coloca novamente em situação de exclusão, porquê além da situação em si, há o olhar sobre ela, que a gera, a constrói e a perpetua.
A performance chamada "Poder da invisibilidade" atualiza o questionamento sobre a exclusão, provocando um estranhamento do olhar diante do herói deitado ao lado de um "morador de rua".
Quem é herói? O "morador de rua" que, dia após dia, enfrenta dificuldades extremas para a sua sobrevivência ou o aquele que, dentro de seu escritório, toma decisões que irão conduzir a gerar mais pobreza e miséria sendo, porém, considerado como um homem de sucesso?
A performance não propõe resposta a este respeito, mas, provocando o deslocamento do olhar, mas se coloca como um lugar de resistência, uma linha de fuga - para citar Deleuze -, para além das visibilidades e dos dispositivos tradicionais.
Essa visao do fazer artístico como prática de resistência, como linha de fuga é fundamental no entendimento do trabalho do Coletivo como um todo, e mais especificamente, nesta açao.
Tania Alice

MISSAO_FAXINA NAS ESTATUAS: 09/03/2010

Limpeza de estátuas:
Mahatma Gandhi, Francisco Serrador, Getúlio Vargas, Juscelino Kubischeky, Carlos Gomes, Paulo de Frontin. Local: Praça Floriano Peixoto ou Cinelândia, Rio de Janeiro.

PRIMEIRA INTERVENCAO NA FAVELA DONA MARTA: 02/03/2010

Intervenção da Liga de Heróis no Morro Santa Marta, em Botafogo. Chamado: descobrir as capacidades de ser afetado e de afetar um determinado espaço. “Triste um país que precisa de heróis”, escreveu Brecht. Triste, então. E os heróis, necessários? Primeiros sentimentos, pensamentos: o que pode um herói neste preciso contexto de dificuldades sociais, econômicas, de saneamento básico, de esquecimento generalizado? Como ocultar a dimensão cotidiana por alguns segundos quando ela pesa com toda sua carga nos ombros dos moradores? Que capacidade de gerar uma realidade outra, nem que seja por instantes? A poesia é possível diante da vida nua? No morro ou favela – o politicamente correto impõe o irônico eufemismo “comunidade” para este espaço -, o que pode o herói? Buscamos descobrir, sentir, ver. Nos deixamos afetar, tocar pela realidade do espaço. Buscamos simplesmente sentir. Como extrair uma poética a partir de tal experiência? Para obter pistas, realizamos entrevistas dos moradores. Descobrimos que há falta de água, presença de ratos, invisibilidade geral. Descobrimos que a pacificação foi fundamental para que se possa “começar a pensar em outra coisa”. Fomos ao ainda mítico “Largo do Michael”. Realizamos, junto com as crianças da comunidade vindas para conhecer os Heróis, a coreografia heróica na mesma laje onde Michael Jackson filmou o vídeo clip da música “They don’t care about us”, em 1996. Do they care about us today? Esta é a questão. Voltamos duvidando uma vez mais do sentido de nossas ações, pensando no que poderia ser percebido como um espaço de jogo dentro de ume espaço do esquecimento. Não encontramos resposta. Por isso mesmo, resolvemos voltar.
Clip de Mickael Jackson:




MEDIT-ACAO 1, 25/02/2010


O que é?

Isto é um convite para participar de uma medit-açao performática.
Um flash-mob prolongado.
Uma alteração do eixo espaço-tempo.
Uma respiração diferenciada, que conduz a uma percepção alterada.
Iremos nos sentar no chão, em posição de meditação, e meditar.
Só isso.
Sua presença é fundamental.

Quando? Onde?

Quinta-feira, dia 25 de março, nas praças principais de todas as cidades do Brasil.
No Rio de Janeiro, será no Largo da Carioca.
Das 12:00 às 13:00.
E possível chegar atrasado, se sentar e participar. E possível ficar mais tempo do que o tempo estipulado.

O que faremos?

Simplesmente sentar e meditar.
Sentar com as pernas cruzadas, com os olhos abertos.
Fixamos um ponto e estabilizamos a mente.
Paramos de reagir de forma condicionada.
Ampliamos nossa liberdade.
Nos apropriamos do espaço público.
Não fingimos que meditamos. Meditamos mesmo.
Percebemos o que acontece à nossa volta.
Mas não reagimos.
é possível. Sim.

Como ir?

Qualquer roupa serve.
Porém, para dar uma unidade visual, é sugerido calça jeans e uma camiseta
azul, vermelha, verde ou amarela.

Quem?

Esta iniciativa é uma iniciativa coletiva, de todos que querem paz, luz e que acreditam também
que o espaço publico não precisa ser funcionalizado. Pertence a todos nós.
Portanto, todo mundo está convidado.


Participem dessa experiência!
Quem quiser documentar (fotografar, filmar) será igualmente bem vindo.

Por favor, divulguem este e-mail para todos os seus conhecidos.
Quanto mais gente, mais interessante será!!!

MISSAO_FAXINA NAS ESTATUAS: 11/02/2010

Ação no Largo da Glória: os Heróis Nacionais. A partir de um levantamento das personalidades que tiveram relevância para a História do Brasil e que estão representadas em praças públicas, como estátuas ou bustos, os HCs elaboraram uma intervenção que consiste na “limpeza da imagem” dos heróis nacionais. A escolha do monumento é feita menos em função da personalidade representada, como do espaço onde tal monumento se encontra e nas próprias características formais do objeto de representação. No caso do Largo da Glória, no Rio de Janeiro, encontra-se, principalmente, o monumento ao padroeiro da cidade, São Sebastião, o monumento a Pedro Álvares Cabral e o monumento ao ex-presidente da República, Getúlio Vargas. Além destes, encontra num pequeno largo vizinho, o busto de Lasar Segall, entre outros. Os HCs realizaram dinâmicas de movimento em frente à estátua de São Sebastião e a ação de limpeza da estátua de Getúlio Vargas e de Lasar Segall.

 

Trailer oficial do filme "Heróis do Cotidiano" de Antonio Pessoa

Durante os meses de fevereiro e março, o Coletivo Heróis do Cotidiano se dedicou à execução do Projeto Artes Cênicas nas Ruas, da FUNARTE. O Coletivo registrou em vídeo todas as intervenções realizadas, gerando a idéia da criação de um curta-metragem. O roteiro foi sendo concebido pelo Coletivo, de acordo com os resultados das intervenções. A direção do curta-metragem ficou a cargo de Antonio Pessoa.

Assista aqui o trailer oficial do filme "Heróis do Cotidiano":
Trailer

CHAMADOS DE DEZEMBRO


Intervenções nas ruas do Flamengo: Praça São Salvador e arredores (Rua Marques de Abrantes, Rua Ipiranga, rua Paissandu). Os HCs elaboraram um “questionário” a fim de avaliar a compreensão das pessoas acerca do heroísmo. O que é um herói? Existem heróis? Quem, na atualidade, pode ser chamado de herói? Você se considera um herói? Estes questionários continuam sendo aplicados, sofrendo algumas alterações. As perguntas são feitas para pessoas diversas: donos de bar, transeuntes, pessoas que aguardam em consultórios, entre outros. 

As entrevistas estavam relacionadas ao que chamamos de “busca do herói cotidiano”, isto é, a intenção do Coletivo era encontrar “heróis anônimos”, pessoas que pudessem nos relatar histórias de heroísmo. Os resultados são bastante interessantes, na medida em que muitas pessoas se consideram verdadeiros heróis, pelo fato de ter um cotidiano cheio de desafios e dificuldades, outros, afirma, em contrapartida, que o heroísmo é uma construção ideológica, que não existem heróis. Ao mesmo tempo, inevitavelmente, iniciamos também uma busca daqueles que seriam os vilões da sociedade atual. Invariavelmente, os políticos brasileiros são vistos como os grandes vilões, enquanto que algumas personalidades da história nacional e mundial são vistas como verdadeiros heróis, como é o caso de Chico Mendes, Tiradentes, Zumbi dos Palmares, entre outros.

TERCEIRA MISSAO: O COLOQUIO DO PPGAC

A convite da Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO0, os HCs estiveram presentes na Abertura do Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação em Teatro na UNIRIO. A ação dos HCs limitou-se neste caso a prestar assistência (informações, conversas para descontrair, etc) aos participantes do Congresso.

SEGUNDA MISSAO_INFILTRACAO NA PARADA MILITAR: 7/09/2009

No Dia da Independência do Brasil, os HCs fizeram uma intervenção na Parada Militar de Sete de Setembro, na Avenida Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. Os HCs se infiltraram no desfile. Após ser expulsos pelos PMs e ter encontrado refúgio em cima de uma árvore, os HCS começaram um “desfile paralelo”.



Esta intervenção durou cerca de 2 horas e foi marcada diversas ações: desfile dos Heróis, ajuda dos Heróis aos espectadores do desfile, participação em manifestações políticas de grupos organizados.

O conjunto destas ações revelou-nos aspectos importantes que passaram a se constituir como princípios das demais performances dos HCs:

1) O tecido urbano como elemento dramatúrgico. A cidade ou a paisagem urbana se mostra como elemento constitutivo da ação performática, revelando-se como fator determinante de uma dramaturgia.



2) A força da figura simbólica do Herói. A imagem do Herói está tão presente no imaginário da população que esta tende a estabelecer de forma imediata um jogo de cumplicidade, familiaridade e até mesmo de identificação com o Herói.

3) Presença do extraordinário no cotidiano. Em função mesmo desta força simbólica, deste poder da imagem do herói, a presença dos HCs tende a romper com o fluxo da percepção cotidiana, surpreendendo o observador pela própria estranheza que ele vem causar no espaço cotidiano.

4) Presença da paródia e da ironia. A junção destes dois fatores (força de identificação e de estranheza) estabelece, portanto, um estatuto ambíguo à ação do Herói: no Desfile Militar, por exemplo, ele tanto pode ser visto como alguém que exalta ria os “heróis nacionais”, os “construtores da nacionalidade”, como também aquele que aponta para o artificialismo desta construção ideológica. Deste modo, a ironia se mostra como elemento presente nas performances dos HCs.


Fotos: Cris Isidoro

PRIMEIRA MISSAO _ CARTORIO: 28/08/2009

A convite do Cartório Rio Rápido, no Centro do Rio de Janeiro, os Heróis do Cotidiano (HCs) contribuíram para a campanha do Dia Nacional do Voluntariado, estimulando os usuários do Cartório a participar de programas de Voluntariado. Na ocasião, o Coletivo era constituído por nove Heróis, cada um dotado de uma função ou poder (Escuta, Paciência, Entendimento, Rapidez, Organização, entre outros). 
Os HCs auxiliavam os usuários dando informações, agindo no sentido de tornar o Cartório um ambiente mais agradável e acolhedor. Neste sentido, os HCs exibiam uma coreografia, davam abraços coletivos e aplicavam de massagens nos usuários e funcionários do cartório